quarta-feira, 13 de abril de 2011

O SENTIDO DA EDUCAÇÃO


A educação, uma das primas pobres neste país, deveria, penso eu, ser em grande parte repensada e reformulada. Deveria ser privilegiada entre todos os setores da vida de  um povo, pois sem educação, que inclui informação, ninguém é capaz de determinar seus caminhos  e escolher seus trabalhos.
Um povo desinformado não sabe o que acontece, assina o que não leu, submete-se ao que não compreendeu, barateia sua vida e sua força de trabalho, não tem horizontes e não se integra em seu próprio país, quanto mais no grande mundo, globalizado – mas não para ele. Porém educar não é apenas instruir, ensinar a ler, escrever, calcular. Não é nem mesmo instruir em todos os anos dos Ensinos Fundamental e Médio. Educar é, deveria ser, antes de mais nada, ensinar a pensar. Ensinar a questionar. Abrir cabeças e preparar para enfrentar a vida não apenas ganhando um ou dois ou mil salários, mas sentindo-se capaz, e consciente, para fazer suas escolhas e viver sua vida. Educar deve ser estimular para que desabrochem todas as capacidades de uma criança, e depois, de um jovem. Fazer ver o mundo, com suas belezas, suas regras, seus perigos e suas possibilidades, na  família, a comunidade, a região, o país....o mundo, com o qual hoje nos comunicamos tão facilmente. Estimular o discernimento, isto é, a capacidade de entender e julgar e escolher: é bem mais importante do que belos edifícios e recursos modernos, embora nenhuma criança deva estudar numa escola que está caindo aos pedaços, em más condições higiênicas, sem livros bons e bem conservados, sem o material básico. Computador ajuda? Ter acesso a um mundo mais amplo de pesquisa e informação certamente é bom. Mas temos errado ao colocar computadores em salas de aula sem mesa adequada, sem instrutores, e sem controle, de modo que os alunos, em lugar de aprender, brincam. A vida não perdoa, não é brincadeira, e embora todos devam buscar uma vida saudável e harmoniosa, se possível feliz, divertir-se o tempo todo, não ter punições nem limites, levar tudo na brincadeira, não prepara para as escolhas e decisões que terão de ser tomadas.Sem alguma seriedade não se poderá distinguir certo e errado, bom e mau, ou melhor e pior, e pouca munição teremos para a batalha cotidiana. A frustração nas primeiras dificuldades será paralisante, a decepção porque ali não continuam as brincadeiras escolares, nos deixará incapacitados para sermos dentro do possível livres e autônomos. Sou a favor de uma escola amorosa e alegre, mas onde haja autoridade e hierarquia, e também para os pequenos a professora não seja uma tia, mas uma professora, pois a escola não é, nem deve ser, a família. Pode ser um complemento magnífico, mas jamais retirar da família a responsabilidade inicial da decência, da compostura, do respeito: ao contrário, prosseguir e incutir isso ainda mais. O que não tem a ver, repito, com pouca alegria, com medo e traumas, mas com respeito por si mesmo, pela natureza, pelo outro, e pela vida. E se conseguir um pouco disso em muitos alunos, a escola estará realizando seu trabalho primeiro, que é educar.
LYA LUFT – Formada em Pedagogia e Letras Anglo-germânicas.

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